GRAMADO 2015 - PRIMEIRO DIA - por DarioPR



O 43º Festival de Cinema de Gramado começou ontem em clima de verão. Faz calor e nem parece que estamos no inverno. A pequena cidade da Serra Gaúcha que tem cerca de 35 mil habitantes, durante o festival fervilha, recebendo quase 300 mil turistas de todo o Brasil e do Mercosul. A rede hoteleira registra uma ocupação de quase 100%, e muitos moradores aproveitam para alugar seus imóveis por temporada. É óbvio que a grande maioria não vem pelos filmes, mas pela festividade. E festa é o que não falta. O termo “festival” encontra em Gramado seu sentido pleno.


A abertura aconteceu no final da tarde na Rua Coberta, que é por onde se estende o famoso Tapete Vermelho que leva à entrada do Palácio dos Festivais, e foi marcada pelo já tradicional show da Orquestra Sinfônica de Gramado tocando trechos clássicos de trilhas sonoras – Pantera Cor-de-Rosa, 007, Indiana Jones etc. Sugiro para o próximo ano que a orquestra inclua no repertório alguns temas marcantes da cinematografia nacional e latino-americana, para fazer justiça ao teor do festival. Entre os diversos discursos das autoridades, destaco aqui o do secretário nacional do Audiovisual, Pola Ribeiro: “Aos 43 anos, Gramado não dá sinais de desgaste. Pelo contrário, se reinventa a partir da inserção de produções latino-americanas e dá um passo importante na construção de uma verdadeira integração entre os países do nosso continente”.

A primeira sessão da noite começou com as boas-vindas da tradicional dupla de apresentadores Leonardo Machado e Renata Boldrini (como vocês podem ver, Gramado gosta de uma tradição). E seguiu-se com as apresentações das equipes do primeiro curta da mostra competitiva brasileira e do longa-metragem de Abertura.


‘Bá’ (2015/SP/14’), de Leandro Tadashi, é um curta sensível e delicado, que mostra a velhice sob a perspectiva de uma criança. Um menino tem que administrar uma nova rotina quando sua "Bá" (de Batchan, avó em japonês) vem morar com a família. A intensão do diretor foi construir duas realidades opostas: o mundo urbano, claustrofóbico e barulhento onde vivem a mãe, o pai e a filha; e outro silencioso, contemplativo, ligado às plantas e à natureza, compartilhado “telepaticamente” pelo menino e sua avó. A história é autobiográfica e a própria avó do diretor atua interpretando a si mesmo. Ótimo.
Confiram aqui o trailer: https://vimeo.com/134331770

Na sequência tivemos o longa ‘Que Horas Ela Volta?’ (2014/SP/111'), de Anna Muylaert, que a princípio estaria na mostra competitiva mas acabou saindo da competição “em virtude de uma sessão de pré-estreia marcada para o dia 11 de agosto em São Paulo, que iria de encontro ao regulamento do festival”, segundo informou à imprensa a organização do festival. Nós da imprensa não ficamos nem um pouco convencidos sobre os verdadeiros motivos que cercaram essa decisão, visto que quadro dos outros filmes nacionais em competição já foram exibidos em sessões abertas ao público em outros Festivais. Entretanto, apoiamos firmemente a solução de manter o longa como filme de abertura. ‘Que Horas Ela Volta?’ é ótimo, foi calorosamente recebido pelo público do festival e vai merecer um texto especial que escreverei logo após este.

Depois de um longo intervalo com muitas celebridades divando no tapete vermelho, tivemos mais um curta brasileiro e um longa mexicano encerrando a noite.


‘Como são Cruéis os Pássaros da Alvorada’ (2015/MG/20’), curta de João Toledo, por ter perdido o ineditismo em uma sessão aberta ao público, também foi retirado da mostra competitiva. “Ele não estava lá. Tampouco conseguia sair do lugar”.. Partindo dessa sugestiva sinopse, o curta aborda a difícil passagem da adolescência para a vida adulta, centrado num jovem e suas confusas relações sociais. Trailer: https://vimeo.com/124278214


‘En La Estancia’(2014/México/106’), de Carlos Armella, é uma ficção com pinta de documentário e tem Alejandro González Iñárritu como produtor.
La Estancia é um vilarejo abandonado no tempo e no espaço, foi despovoado após a falência da mina em torno da qual se organizava. Um documentarista chega para registrar a vida de seus dois últimos habitantes, um idoso e seu filho, estabelecendo com eles uma estreita relação.
O recurso da câmera na mão, Jesús Vallejo interpretando o idoso, e a boa performance do ator que interpreta seu filho, Gilberto Barraza – garantem a qualidade e mantem o interesse do espectador no filme. Muito bom.

Amanhã tem mais ..

DarioPR