A descoberta da sexualidade como
tema não é novidade alguma na cinematografia mundial. No entanto, a abordagem
que o diretor Fernando Eimbcke faz dela em Club Sandwich é incomum
o suficiente para motivar uma ida aos cinemas.
A película tem como protagonista
Hector, um menino que passa alguns dias em um hotel acompanhado de sua mãe. Ali
ele conhece Jazmin, garota com a qual passa a se relacionar amorosa e
sexualmente.
Nessa corriqueira trajetória, o
diretor traz atenção para minúcias que são percebidas muitas vezes por nós como
banais, insignificantes. Simples brincadeiras aquáticas são transmitidas não
como meras alusões à infância, mas como referência à ingenuidade e à pureza que
circundam essa fase da vida. E essa inocência é o alicerce da relação entre o
menino e sua mãe, que mais parece uma de suas amigas do que sua progenitora.
O início de uma relação amorosa
entre esses dois jovens, Hector e Jazmin, poderia implicar em uma mera ruptura
com essa ingenuidade. Porém ela não só modifica hábitos do garoto, como gera
situações pra lá de divertidas. Mais uma percepção inteligente do diretor, que
não se atém apenas aos ônus da desconstrução da relação mãe-filho anteriormente
existente, mas também aos bônus da reconstrução de tal laço e da construção de
um novo amor.
Essa trama
lenta e sensível se diferencia daquilo que se veicula atualmente nos grandes
circuitos, e por tal peculiaridade e simplicidade, nada mais justo que desfrutar
do refrescante mergulho que Club Sandwich nos propõe.
Thaís Estrella